Sedentarismo na infância pode trazer consequências graves

Infância ideal é aquela em que a criança se alimenta bem, brinca, corre e, consequentemente, faz atividade física por meio dessas brincadeiras. Aquelas que preferem ficar na frente da TV correm risco de ter a saúde comprometida ao longo dos anos, até mesmo aproximar o risco de infarto na vida adulta.

Dados da ONU apontam que 7,3% das crianças abaixo de cinco anos estão acima do peso ideal.

Para o pediatra Nelson Ejzenbaum, preocupar-se com a alimentação da criança é fundamental. Oferecer comida saudável, restringir doces, refrigerantes e salgadinhos – ricos em gorduras – são atitudes importantes.

Com esse controle, o pediatra explica que já ajuda a reduzir colesterol e triglicérides dos pequenos. Para a obesidade, no entanto, não basta evitar as “bobagens”, mas também ter controle sobre o tamanho das porções.

O médico explica que há pais que permitem que a criança repita o prato muitas vezes.

“Tem que aprender que, mesmo que seja só comida, não pode comer três ou quatro pratos. E a refeição tem de ser balanceada: legume, verdura, grão, carne e carboidrato”, recomenda.

Quando a criança está com problemas para se sentir saciada, é preciso verificar se não há um fator emocional envolvido, como a ansiedade.

 

Sedentarismo preocupa

O cardiologista João Vicente da Silveira, do Hospital Sírio-Libanês, conta que os pais também são responsáveis pelo sedentarismo da criança, e que os brinquedos que não exigem atividade física da criança também atrapalham.

O ideal, segundo ele, é que os pais sejam o exemplo, e que resgatem as brincadeiras saudáveis de pedalar, brincar e correr.

E é por meio desse sedentarismo e alimentação errada que os índices de problemas cardíacos aumentam.

“O excesso de carboidrato pode se acumular como gordura no fígado. Pode também provocar uma alteração na glicemia. A criança entra por um caminho que leva ao diabetes em 10 ou 15 anos”, diz o médico.

 

Tratamento difere dos adultos

Não é possível receitar remédios para controlar a obesidade em crianças. Sendo assim, a reeducação alimentar e a atividade física são as medidas que revertem o problema.

Um bom sono também contribui, já que dormir mal aumenta a chance de ganhar peso.

De acordo com o endocrinologista Renato Zilli, as crianças que crescem obesas têm 80% de chance de também serem adultos obesos, e que, mesmo emagrecendo, o cérebro se esforça para recuperar os quilos perdidos.

 

Fonte: Coração e Vida. Revisão técnica: Prof. Dr. Max Grinberg – Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUS. Em São Paulo, publicado no dia 12.03.2018