Sedentarismo da nova geração está ligado à tecnologia, dizem especialistas

por Lilian Monteiro

O sinal de alerta já está ligado. Fernando Vitor Lima, doutor e professor do Departamento de Esportes da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenador do Laboratório do Treinamento na Musculação da instituição, afirma que vários profissionais de educação física relatam que os jovens e as crianças estão aparecendo para as aulas com redução das capacidades físicas e déficits motores básicos, como correr, deslocar-se com destreza, entre outros, o que provavelmente é consequência da falta de exercícios físicos. O sedentarismo desta nova geração está ligado à tecnologia.

Sofá, smartphone e videogame são mais atraentes para eles do que pedalar, bater bola, correr ou surfar. Até mesmo brincar nas áreas de convivência dos condomínios ou no quintal de casa. “Sem dúvida, a tecnologia, neste ponto, é um problema. O risco de não praticar uma atividade física é muito preocupante. Agora, os pais têm de assumir a responsabilidade em primeiro lugar. Eles são responsáveis pela educação, o que inclui a educação para a atividade física e a saúde, e se não tomarem uma atitude o problema só tende a aumentar.”

Para Marconi Gomes da Silva, diretor da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte, a tecnologia é um recurso ambivalente. “Em verdade, tudo se relaciona ao uso que se faz dela. Da mesma maneira que recursos de mídia podem tirar o tempo para a prática de exercícios físicos, esses mesmos recursos podem ser ferramentas para estimulá-los. Existem vários games de realidade aumentada que simulam situações reais que demandam exercícios que chegam a ser de intensidade vigorosa. O Youtube tem diversos programas que auxiliam e orientam essas práticas. O WhatsApp pode reunir grupos de pessoas que podem se motivar para corridas de rua, marcar encontros para trekking ou trocar informações sobre atividade física.”

A questão que se levanta é que, muitas vezes, nesses ambientes virtuais não conseguimos encontrar a real necessidade em ser fisicamente ativos. E como fazer a geração conectada sair da inércia? Para Fernando Lima, em se tratando de jovens e crianças, deve haver a participação ativa dos pais. Talvez muitos deles não estejam atentos para a gravidade do problema, mas é a saúde de seus filhos. A questão é que muitos filhos só reproduzem um estilo de vida dos pais.

Apesar de o Brasil ser visto como um país de culto ao corpo e pessoas vaidosas, muitos são sedentários. Qual a contradição? O contrassenso é que, de acordo com o professor Fernando Lima, “parece que vem aumentando a disponibilidade para a prática de atividades físicas, pois já somos o segundo país do mundo em número de academias de ginástica e muitas cidades já disponibilizam equipamentos em espaços públicos. Percebemos um volume expressivo de pessoas praticando atividades, mas ainda longe de ser a maioria. O culto ao corpo, quando bem orientado, é muito positivo para a população. E me refiro à atividade física orientada por profissionais de educação física, uma boa alimentação e sono. Mas também temos outro problema, que é lidar com o uso de recursos farmacológicos, que é crescente”. O que para muitos é a saída mais fácil (e rápida) para um corpo sarado.

PROFISSIONALISMO Por isso a importância de alertar sobre o fato de a atividade física vir sofrendo com uma “praga” de pessoas sem a formação em educação física, que usam as mídias sociais para disseminar informação de qualidade duvidosa, mas com carisma. A recomendação é de sempre buscar orientação de profissionais registrados no Conselho Regional de Educação Física.” Para Fernando Vitor Lima, as pessoas precisam se conscientizar de que a atividade física pode causar uma revolução em suas vidas. E só para o bem.

 

Fonte: Site Saúde Plena