Pílula contra asma tem resultados promissores em casos graves

Uma nova pílula pode ajudar milhões de pessoas ao redor do mundo que sofrem de asma grave, mostra um estudo baseado nos resultados de testes iniciais com o medicamento. Cientistas dizem que os dados são “muito promissores”, mas que ainda é cedo. De acordo com eles, os pacientes devem alimentar um “otimismo cauteloso” em relação à droga.

O tratamento da asma, uma doença respiratória crônica que pode causar tosse, fazer o paciente arfar e deixá-lo ofegante e sem respirar, praticamente não mudou nos últimos 20 anos. Quem não consegue controlar os sintomas usa inaladores ou esteroides, sendo que estes últimos geram o risco de ganho de peso, além de diabetes, osteoporose e pressão alta.

Segundo os resultados do estudo, publicado na revista “Lancet Respiratory Medicine”, o novo medicamento, chamado Fevipiprant, poderia mudar tudo isso. O teste clínico foi feito na Universidade de Leicester, no Reino Unido. Um pequeno grupo de 30 pacientes recebeu a pílula durante três meses. Outros 30 tomaram um placebo. Ambos continuaram com sua medicação normal.

Os resultados mostraram que o uso do remédio duas vezes ao dia levou a uma queda significativa nos sintomas, melhorou as funções pulmonares, reduziu a infamação dos pulmões e ajudou a reparar os danos causados pela doença às vias aéreas pulmonares. A droga opera bloqueando as células inflamatórias, que não conseguem entrar na corrente sanguínea. Separadamente, também repara as vias aéreas.

“Esse remédio pode virar o jogo no tratamento de asma num futuro próximo. Estou realmente empolgado com isso, é o primeiro tratamento que vejo que tem efeitos em todos os sintomas e danos”, disse ao jornal britãnico “The Guardian” o médico Chris Brightling, líder do estudo e professor na Universidade de Leicester.

O número de pessoas com asma no mundo é atualmente de 300 milhões. Entre estes pacientes, cerca de 10% têm sintomas graves que podem levar à morte e precisam ser controlados com fortes medicamentos ou esteroides.

Mais testes antes de aprovação

Os pesquisadores afirmam, porém, que mais testes e estudos são necessários antes que se possa considerar que o Fevipiprant tem realmente todos esses efeitos no combate à asma.

“O trabalho mostra muita promessa e deve ser recebido com um otimismo cauteloso. Precisamos de mais pesquisas e ainda estamos longe de podermos receitar uma pílula para asma e comprá-la em qualquer farmácia, mas é empolgante ver um desenvolvimento que, a longo prazo, pode ser uma real alternativa”, disse à imprensa britânica Samantha Walker, diretora de pesquisa do instituto “Asma Reino Unido”.

O Reino Unido já está liderando outro teste clínico com o uso do Fevipiprant, envolvendo 850 pacientes. Porém, os resultados desse só ficarão prontos em 2018, e outros já estão sendo planejados.

Médicos britânicos acreditam que, se for provado que o remédio é eficaz, os pacientes tenham sintomas graves com menos frequência e precisem de menos cuidados médicos, o que seria uma grande economia para a saúde pública do país, que gasta £ 1 bilhão (R$ 4,15 bilhões) por ano em tratamentos.

 

– Fonte: Portal O Globo