Pessoas obesas perdem até 10 anos de vida, diz autora de estudo

RIO – Estar acima do peso diminui em cerca de um ano a expectativa de vida, que pode ser reduzida em até dez anos nos casos de obesidade severa. A conclusão é de um dos maiores estudos já realizados sobre o tema, publicado ontem na revista médica “The Lancet”.
A pesquisa refuta estudos anteriores que concluíram que alguns quilos extras não faziam mal à saúde. Em vez disso, o novo estudo revelou evidências de que o risco de morrer antes dos 70 anos aumenta, “de forma gradual e acentuada”, conforme a cintura se expande.

— Esse estudo mostra, definitivamente, que o excesso de peso e a obesidade estão associados a um risco de morte prematura — disse à AFP a professora e líder da pesquisa, Emanuele Di Angelantonio, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Usando dados de quase quatro milhões de adultos de quatro continentes, o estudo descobriu que as pessoas com excesso de peso perdem em média um ano de expectativa de vida, e as pessoas “moderadamente obesas” perdem cerca de três anos. Todos os riscos de doença cardíaca coronária, acidente vascular cerebral, doenças respiratórias e câncer aumentam, segundo a pesquisadora, e “pessoas severamente obesas perdem cerca de 10 anos da expectativa de vida”, diz ela.

Uma equipe internacional de pesquisadores selecionou dados a partir de mais de 10,6 milhões de participantes de 239 grandes estudos realizados entre 1970 e 2015 em 32 países na América do Norte, Europa, Austrália, Nova Zelândia e no Leste e Sul da Ásia. O trabalho foi considerado o maior conjunto de dados sobre excesso de peso e mortalidade já reunido.

SEM FUMANTES OU PORTADORES DE DOENÇAS CRÔNICAS

Para descartar o impacto de outros riscos de mortalidade, a equipe excluiu fumantes e ex-fumantes, portadores de doenças crônicas e pessoas que morreram nos primeiros cinco anos das pesquisas — e ficaram com uma amostra de 3,9 milhões de adultos.

A equipe dividiu a amostra em categorias de acordo com seu Índice de Massa Corporal (IMC, peso dividido pelo quadrado da altura) e comparou os números e as causas de morte em cada grupo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um IMC de 18,5 a 24,9 é considerado normal; de 25 a 29,9 excesso de peso; de 30 a 34,9 obesidade moderada; de 35 a 39,9 obesidade severa; e acima de 40, obesidade mórbida.

Os pesquisadores descobriram que o risco de morrer antes dos 70 anos aumentou de 19% em homens com peso normal para 29,5% em homens moderadamente obesos. Entre as mulheres, esse risco aumentou de 11% para 14,6%. “Isso corresponde a um aumento absoluto de 10,5%, para os homens, e 3,6%, para as mulheres”, contextualiza um comunicado da revista “The Lancet”.

Se todas as pessoas com sobrepeso e obesidade tivessem níveis normais de IMC, isso evitaria uma em cada cinco mortes prematuras na América do Norte, uma em cada seis na Austrália e na Nova Zelândia, uma em cada sete na Europa e uma em cada 20 no Leste da Ásia, concluiu o estudo.

Em 2014, pela OMS, mais de 1,9 milhão de adultos em todo o mundo estavam acima do peso. Desses, mais de 600 milhões eram obesos.

– Fonte: Portal O Globo