Pesquisa mostra que brasileiras desconhecem risco de fraturas causadas pela osteoporose

Pesquisa realizada em nove países, incluindo o Brasil, com quase 6 mil mulheres acima dos 55 anos, mostrou que a maioria delas não se dá conta do perigo que a osteoporose representa. Entre as brasileiras, 70% afirmaram conhecer a doença, mas apenas 7% sabiam que ser do gênero feminino já é considerado um fator de risco. Além disso, 67% nunca haviam abordado a questão durante uma consulta.

De acordo com o médico ginecologista Ben-Hur Albergaria, professor de Epidemiologia Clínica da Universidade Federal do Espírito Santo e vice-presidente da Comissão Nacional de Osteoporose da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), a conscientização é fundamental:

“de cada cinco pacientes com osteoporose, quatro são mulheres e apenas um, homem. Como se trata de uma doença silenciosa, é preciso muita atenção para a possibilidade de a pessoa estar desenvolvendo a enfermidade”.

Na osteoporose, há uma diminuição da massa óssea, o que deixa os ossos mais frágeis e predispostos a fraturas. O risco aumenta depois da menopausa e também para os homens, a partir dos 50 anos. Histórico familiar, sofrer de artrite reumatoide, fumar e beber em excesso contribuem para o quadro. Segundo o doutor Albergaria, esse é um conjunto de informações que vai estabelecer a necessidade de uma densitometria óssea, exame que mapeia a doença. “Se houver fatores de risco, o exame deve ser feito a cada um ou no máximo dois anos. Em caso negativo, pode ser realizado a cada dois ou três anos”, explica, lembrando que, embora sem a amplitude existente no setor privado, é possível realizá-lo no serviço público.

O médico informa que a OMS (Organização Mundial da Saúde) disponibiliza um questionário on-line, chamado FRAX, que, mediante algumas perguntas, permite estimar a probabilidade de ocorrer uma fratura devido à osteoporose em dez anos. O FRAX já é adotado em outros países e a Febrasgo trabalha para que seja incorporado aqui.

“Há pacientes que já sofreram fratura e, em 60% a 70% dos casos, não houve investigação sobre a existência de osteoporose. Trata-se de uma oportunidade de prevenção secundária, porque quem já sofreu uma tem um risco muito maior, que chamamos de iminente, de sofrer nova fratura no primeiro e segundo anos depois daquele incidente”, diz.

Idosos que caem com frequência, por exemplo, têm de oito a nove vezes mais chances de quebrar um osso. “A perda de massa óssea é progressiva com a idade e, portanto, diante da maior expectativa de vida, trata-se de um problema de saúde pública”, acrescenta. Segundo o doutor Albergaria, nos últimos dez anos vêm sendo utilizados medicamentos biológicos – com anticorpos monoclonais – também para o tratamento da osteoporose, com ganhos significativos de eficácia e segurança. No mundo, ela causa quase 9 milhões de fraturas anualmente e a estimativa é de que afete cerca de 200 milhões de mulheres: aproximadamente, uma em cada dez na faixa dos 60 anos; uma em cada cinco aos 70; e dois quintos aos 80 anos.

Fonte: Mariza Tavares, para o Bem-Estar. Publicado em 24.10.2019