O lado bom da sua gordurinha

Mulheres precisam de gordura no corpo. É só comer o tipo certo desse nutriente e dá até para perder alguns quilos, defende o livro “Why Women Need Fat” (“Por que Mulheres Precisam de Gordura”, US$ 16,95 na Amazon).

Para formar seus cérebros -que são proporcionalmente maiores do que de outros animais-, bebês humanos necessitam de DHA, o mais complexo dos tipos de gordura ômega 3.

Mas as mães não conseguem todo o DHA necessário apenas pela alimentação diária durante a gestação: para fornecê-lo aos filhos, queimam a gordura armazenada em seus corpos (principalmente nos quadris), que é rica em DHA.

Ou seja, mulheres podem tentar queimar aquelas gordurinhas das pernas e dos glúteos, mas a natureza prefere que elas estejam lá. Além disso, mães mais pesadas tendem a ter bebês mais saudáveis, dizem os autores, o médico epidemiologista William D. Lassek e o antropólogo Steven Gaulin.

Se isso não basta para dissuadir as mulheres de aderir a dietas que demonizam a gordura, os autores avisam: nenhuma dieta cumpre o que promete ou dá resultado definitivo. Pior: esse tipo de restrição alimentar costuma até aumentar o peso de quem a segue, segundo o livro.

Explica-se: todos nós temos um peso natural, definido quando nascemos. “O cérebro tem um valor para nosso peso -o “set point”- determinado em grande parte por nossos genes, e o hipotálamo [região do cérebro responsável pelo gasto de energia e controle da fome] tenta mantê-lo. É como o termostato de um aquecedor”, explicou Lassek à reportagem da Folha.

Se emagrecemos muito ao fazer uma dieta, tendemos a ganhar o peso novamente quando a interrompemos (o famoso “efeito sanfona”). O “set point” também é o motivo que faz pessoas comerem muito e não engordarem.

DIETA QUE ENGORDA
Além de não funcionar a longo prazo, uma dieta pode engordar a pessoa. Se você emagrece muito, o hipotálamo acha que não há comida disponível e diz ao seu corpo para estocar mais gordura.

O corpo, em vez de queimar, reduz o uso de calorias até que a perda de peso pare. Preocupado com uma possível escassez de alimentos no futuro, o hipotálamo vai além e aumenta o seu “set point”.

A alimentação atual, rica em fritura e produtos industrializados, também eleva o “set point” feminino. Há décadas ingeria-se mais gordura do tipo ômega 3 e menos do tipo ômega 6 do que hoje.

Mulheres precisam de ômega 3 para seus filhos. E as duas gorduras competem no organismo: uma dieta com muito ômega 6 resulta em menos ômega 3 disponível. Logo, a fêmea precisa de mais gordura total no corpo para ter o nível de DHA necessário durante a gravidez.

O baixo nível de ômega 3 no sangue da mulher diz constantemente ao seu cérebro que é preciso armazenar mais gordura. Assim, seu “set point” aumenta.

SOLUÇÕES
O que fazer, então, para perder peso? Os autores sugerem mudanças de comportamento (veja ao lado), mas a chave é equilibrar o consumo dos dois tipos de gordura e ter uma dieta com menos ômega 6 e mais ômega 3.

O emagrecimento não será radical (algumas pessoas têm um peso natural maior), mas o excesso será eliminado.

Deve-se reduzir o consumo de óleos de milho e soja (ômega 6) e substituí-los por óleo de canola ou azeite de oliva. É fundamental reduzir frituras -recomendação endossada pela nutricionista Tanise Amon, do Instituto de Metabolismo e Nutrição.

“Pode-se aumentar o consumo de atum, salmão e sardinha e de sementes como linhaça ou chia”, acrescenta.

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO – SP