Modificações no organismo com o envelhecimento tornam necessário ajuste de doses de medicamentos

O trato gastrintestinal apresenta mudanças nos mecanismos de absorção e secreção, mas também em sua estrutura anatômica, com a diminuição das vilosidades intestinais, por exemplo. A secreção de pespsina e ácido clorídrico diminui com a idade. Esses fatores podem diminuir a biodisponibilidade de fármacos que necessitem de um pH baixo para sua absorção.

Mudanças nas proteínas plasmáticas podem ser observadas em idosos. Em geral, há pequeno aumento do nível plasmático de ?1-glicoproteína ácida acompanhado de discreta albuminemia. Entretanto, estudos sugerem que essas modificações não são relevantes, salvo para fármacos com baixo volume de distribuição e estreita margem terapêutica.

Com relação aos músculos, observa-se diminuição do volume de massa magra, com aumento concomitante de tecido adiposo (gordura). A alteração na relação músculo/tecido adiposo pode modificar a distribuição de alguns medicamentos. Fármacos lipofílicos terão maior acumulação no tecido adiposo, podendo gerar efeitos tóxicos.

Nos rins, há perda de tecido cortical, caracterizando a glomeruloesclerose. Observa-se o encurtamento dos túbulos, assim como fibrose intersticial. Além disso, há diminuição do índice de filtração glomerular. Por esse motivo, fármacos com excreção renal podem ter seu perfil de eliminação alterado.

As principais modificações hepáticas causadas pelo envelhecimento são a redução da perfusão sanguínea em até 40%, acompanhada de uma redução de 30% da massa hepática, com diminuição do número de hepatócitos. A diminuição na perfusão pode alterar o metabolismo de fármacos fluxo-dependentes.

Ocorre também a diminuição do metabolismo de primeira passagem, o que pode aumentar a biodisponibilidade de fármacos que requerem extenso metabolismo hepático. Em contrapartida, a biodisponibilidade de pró-fármacos, como o enalapril, poderá estar diminuída.

– Fonte: Site 180 Graus