NATÁLIA CANCIAN
DE BRASÍLIA
Segundo Pansera, um grupo formado por laboratórios de três universidades federais, financiado pelo governo, deve conduzir a primeira etapa de testes, a chamada pesquisa pré-clínica, que envolve testes in vitro e em animais.
A etapa é necessária para que sejam obtidos dados prévios sobre a toxicidade do produto, o que permite que a substância possa vir a ser alvo de pesquisas clínicas, realizadas em humanos.
Para iniciar os testes, o governo irá solicitar à USP cerca de 500 gramas da substância. A universidade, onde a substância foi inicialmente sintetizada, vinha distribuindo a fosfoetanolamina por determinação judicial a alguns pacientes.
A partir daí, o grupo planeja utilizar informações enviadas ao Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) para sintetizar o produto e compará-lo com o já disponível. “Queremos fazer o mesmo caminho dos pesquisadores”, explica Pansera.
A previsão é que os testes in vitro e em animais cobaias sejam finalizados em até sete meses após o material ser entregue pela universidade.
Devem participar dessa etapa laboratórios e núcleos de pesquisa de medicamentos da UFRJ (federal do Rio de Janeiro), UFCE (Ceará) e UFSC (Santa Catarina). Em seguida, os dados serão avaliados pela Anvisa, agência que regula o setor.
“Isso é importante até para chegar à conclusão de que [a substância] foi sintetizada da maneira adequada”, diz Renato Porto, diretor da agência.
Caso a primeira etapa seja aprovada, institutos ligados ao Ministério da Saúde devem realizar, em seguida, os testes em humanos. Não há prazo para que toda a pesquisa seja finalizada.
O governo, porém, não descarta a possibilidade de que a pesquisa seja acelerada caso haja resultados positivos.
“Estamos mudando o processo em função da comoção social criada. Temos que dar uma resposta à situação social colocada”, diz Pansera.
Ainda segundo o ministro, o trabalho deve ser coordenado pelos ministérios de Ciência e Tecnologia e da Saúde, em conjunto com centros onde pesquisadores já realizam pesquisas preliminares sobre a substância, caso da USP, Unesp e Butantan. Representantes da Defensoria Pública, Ministério Público e Câmara dos Deputados também devem acompanhar o processo.
O valor a ser investido é de R$ 10 milhões. Deste total, R$ 2 milhões devem ser liberados para a primeira etapa de testes já neste ano.
Para Pansera, apesar da comoção pública, o caso exige cautela. “O Ministério da Saúde está fazendo buscas no mundo inteiro. Ainda não há nenhum caso usado como remédio”, afirma.
Para analisar os slides acesse o link abaixo:
Fonte: Portal Folha de S.Paulo