Endocrinologista sugere dicas de como aproveitar as férias escolares de modo saudável

Dormir até tarde, assistir a muita televisão, passar horas na internet e comer muitas guloseimas. Essa é a definição de férias escolares para muitas crianças e adolescentes. Porém, o descanso depois do ano letivo não pode ser motivo de descuido com a saúde e nem de tornar a alimentação uma vilã.

Com a mudança na rotina, os horários das refeições ficam menos organizados. Os alimentos mais proteicos e nutritivos dão lugar a lanches mais calóricos e com mais guloseimas. Por isso, a alimentação precisa de cuidados redobrados para, com a mais disponibilidade de tempo, se tornar divertida.

 

A dica da endocrinologista pediátrica da Clínica Humanamente, Luciana Corrêa, é manter o consumo de alimentos saudáveis, como frutas, verduras e legumes, mesmo no período de férias. Para os pais que têm dificuldades em conduzir a rotina alimentar dos filhos, Luciana afirma que a saída é não comprar alimentos ricos em gorduras e açúcares ou embutidos e não os deixar disponíveis para as crianças.

Os embutidos são tão preocupantes que, alimentos como salsicha, linguiça, mortadela, presunto e salame, não são mais permitidos em  escolas públicas e conveniadas com a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF). Neste mês, a proibição virou lei. Mas, desde 2015 a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta sobre o perigo desses alimentos.

 

Luciana aconselha também a inclusão das crianças na preparação dos alimentos, pois isso pode despertar o desejo de consumir pratos mais nutritivos.

“As famílias devem se empenhar em fazer coisas novas, com pratos coloridos e criativos. Trazer alimentos comuns de formas diferentes é uma ótima alternativa. Existem receitas nutritivas de sacolé ou dindin, Danoninho com inhame e batatinhas assadas com temas infantis são opções podem ser inseridas no cardápio. Ou cortar a melancia em formato de picolé, montar carinhas no prato da criança, etc.”

Energia

As doses de sono extra no período de férias também prejudicam a energia que a criança acumula ao longo do dia. Com a mudança radical de rotina, pode ser que ela se sinta mais cansada mesmo depois de dormir mais de 8 horas. Por isso, atividade física faz a diferença. A prática renova a energia, mantém a saúde e ainda pode fazer parte da diversão, devido à liberação de hormônios da felicidade, como endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina.

Segundo a endocrinologista, as férias não devem ser sinônimo de ficar deitado ou na frente de eletrônicos. O momento é ideal para desfrutar de passeios ao ar livre.

“Mais de duas horas em frente à telas é muito prejudicial. A inércia em frente a algum eletrônico aumenta o risco de obesidade infantil, sedentarismo e de deficiência de vitamina D. Algo que só era visto em adultos agora atinge muitas crianças”, afirma Luciana.

As telas a que a endocrinologista se refere incluem todos os eletrônicos, como televisão, celular, computador, tablets etc. A constatação foi explicada por estudo publicado na revista britânica Lancet child and adolescent health, em setembro do ano passado.

 

A pesquisa mostrou que crianças que passam mais de duas horas por dia em frente a telas desenvolvem menos capacidades cognitivas do que as que passam menos tempo.

 

Fonte: Catarina Loiola, para o Correio Braziliense. Publicado em 15.01.2020