Depressão pode dobrar o risco de derrame a partir dos 50 anos, principalmente em mulheres

E mais: os pesquisadores descobriram que os riscos permanecem altos mesmo quando os sintomas de depressão desaparecem, principalmente nas mulheres.

— Se replicadas, essas descobertas sugerem que os médicos deveriam procurar identificar e tratar sintomas de depressão no início, antes dos efeitos adversos para riscos de derrame se acumulem — acredita Paola Gilsanz, principal autora do estudo.

O estudo acompanhou dados de saúde de 16.178 homens e mulheres a partir de 50 anos, que tinham participado do estudo “Saúde e Aposentadoria”, entre 1998 e 2010. Esses voluntários eram entrevistados a cada dois anos sobre várias questões de saúde, incluindo sintomas de depressão, histórico familiar de derrame e fatores de risco — houve 1.192 derrames entre os participantes durante o período do estudo.

Em comparação com as pessoas com baixos sintomas depressivos em duas entrevistas consecutivas, aqueles com altos sintomas depressivos em duas entrevistas consecutivas foram apontados com o dobro de risco de ter um primeiro AVC. E o risco permaneceu elevado mesmo entre os participantes cujos sintomas depressivos foi embora entre as entrevistas, especialmente para as mulheres. Aqueles com sintomas depressivos que começaram entre as entrevistas não mostraram sinais de risco elevado de AVC. Os participantes mais jovens do que 65 anos foram apontados como com maior risco de derrame ligados a sintomas depressivos do que os participantes mais idosos com sintomas depressivos.

Os pesquisadores sugerem que a depressão pode influenciar o risco de acidente vascular cerebral por meio de mudanças fisiológicas que envolvem o acúmulo de dano vascular a longo prazo. Os danos podem também acontecer indiretamente através do efeito da depressão sobre comportamentos de saúde, incluindo aumento do risco de tabagismo e sedentarismo.

“Como este é o primeiro estudo com este approach, precisamos de replicação dos resultados obtidos em amostras independentes, com pessoas de diferentes faixas etárias, e explorar diferentes motivos de melhora dos sintomas de depressão”, explica Maria Glymour, professora associada do Departamento de Epidemiologia e Bioestatística da Universidade da Califórnia, em San Francisco, que trabalhou na pesquisa.

Fonte: Portal O Globo