Com investimento do governo francês, USP inaugura laboratório para pesquisar epidemias

A Universidade de São Paulo (USP) inaugurou um conjunto de laboratórios de alta tecnologia para pesquisar doenças contagiosas e prevenir epidemias de doenças como zika, dengue, febre amarela e gripe.

Localizada dentro do Centro de Pesquisa e Inovação Inova USP, na Cidade Universitária, Zona Oeste de São Paulo, a Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês) será composta por 17 laboratórios em uma área de 1.700 m². O investimento previsto é de cerca de R$ 40 milhões.

Parcialmente financiado pelo governo francês, o projeto é fruto de uma parceria firmada em 2015 entre a universidade paulista, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição de pesquisa do Rio de Janeiro, e o Instituto Pasteur, fundação francesa com 23 mil pesquisadores associados e vencedora de 10 Prêmios Nobel.

O foco inicial da unidade é desenvolver métodos de prevenção para epidemias de vírus que podem provocar danos no sistema nervoso central, como zika, dengue, febre amarela e gripe. Também serão objeto de pesquisa do laboratório protozoários como os tripanosomas que causam a Doença do Sono. No total, espera-se que a plataforma abrigue de 80 a 100 pesquisadores, entre técnicos, estudantes e funcionários.

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Instalações de alta tecnologia

Segundo os pesquisadores que comandam o projeto, as instalações da nova unidade serão únicas em todo o país e podem ajudar no desenvolvimento de pesquisas internacionais.

Paola Minoprio, diretora de pesquisa do Instituto Pasteur, sediado em Paris, voltou ao Brasil depois de mais de 30 anos morando no exterior para coordenar o projeto ao lado de Luís Carlos Ferreira, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.

“As linhas de pesquisa do Pasteur são muito semelhantes às do ICB e os dois institutos já desenvolvem projetos colaborativos”, explica Minoprio. As instituições têm em comum pesquisas nas áreas de Imunologia, Biologia Celular, Microbiologia e Parasitologia.

“Nos últimos 80 anos, não houve uma iniciativa como essa na USP. Estamos trabalhando a internacionalização da pesquisa, do ensino e da inovação”, comemora Ferreira.

A nova unidade vai abrigar os primeiros laboratórios de pesquisa brasileiros com nível de segurança equiparável aos mais elevados parâmetros internacionais. Quatro dos 17 laboratórios são de biossegurança nível 3 (NB3) e voltados para a análise de patógenos de alto risco, que transmitem e causam doenças potencialmente letais.

Essas salas de acesso controlado têm cerca de 200 m² cada e são equipadas com três câmaras pressurizadas para garantir a contenção dos patógenos ali analisados. Para atuar nas instalações de alto risco, os pesquisadores passarão por um treinamento de procedimentos de segurança.

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Pesquisadores residentes

Oito pesquisadores de nível sênior já foram selecionados pelas entidades que administram a plataforma.

Além de Minoprio, do Pasteur, foram selecionados Paolo Zanotto, Edison Durigon e Jean Pierre Peron, do ICB, Patrícia Beltrão Braga, da USP Leste, Eduardo Massad, da Faculdade de Medicina da USP, Helder Nakaya, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e Pedro Teixeira, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fiocruz. A partir de 2020, serão selecionados anualmente grupos de jovens pesquisadores, do Brasil e do exterior, para integrar a equipe junto com os cientistas residentes.

Fonte: Por Patrícia Figueiredo, G1 SP. Publicado em 04.07.2019