Cirurgia plástica na adolescência: mitos e verdades

cirurgião plástico Roger Vieira, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da American Society of Plastic Surgeons (ASPS), destaca que esse é um período da vida delicado, no qual os jovens costumam buscar a aprovação dos colegas para se sentirem aceitos em determinados grupos. “Muitas vezes, a insatisfação com o corpo está ligada ao bullying sofrido na escola, ou a uma sensação de inferioridade em relação aos colegas”, explica.

Segundo o médico, é necessário se atentar a diversos aspectos antes de decidir se será feito qualquer procedimento. “É muito importante que o adolescente tenha em mente que não se deve fazer cirurgia plástica pelos outros, mas por si mesmo. Esse tipo de procedimento envolve uma série de cuidados e responsabilidades que não devem ser tratados com indiferença pelo paciente”.

Apesar da procura dos adolescentes pela cirurgia plástica ser uma realidade já há alguns anos, muitas dúvidas sobre é recomendado ou não permanecem. “Para todos os casos, independentemente da idade, uma conversa sincera com o seu médico sobre motivações e expectativas é imprescindível”, ressalta Vieira. Abaixo, o cirurgião comenta mitos e dúvidas recorrentes sobre cirurgia plástica e puberdade.

  • É proibido fazer cirurgia plástica antes dos 16 anos.

Mito. Segundo Vieira, algumas cirurgias podem ser realizadas antes dos 16. É o caso da otoplastia (correção das “orelhas-de-abano”), que pode ser feita a partir dos seis anos, e da correção do desvio de septo. Em quadros mais agravados, também é possível fazer os procedimentos de redução das mamas em meninos (ginecomastia) e meninas (mamoplastia redutora).

Entretanto, Vieira explica que para a maioria dos procedimentos é recomendado que se espere, pelo menos, até os 16 anos para as garotas e até os 18 para os rapazes. “Geralmente, essas são idades estimadas em que o corpo termina seu processo de desenvolvimento, porém os marcos não são definitivos e podem variar de uma pessoa para outra”.

  • Não é permitido colocar silicone na adolescência

Mito. Não há nenhuma regra que proíba o implante de silicone na adolescência, mas o médico frisa que é necessário esperar o desenvolvimento completo da mama, ainda que ela não tenha ou venha a ter o tamanho que a paciente considere satisfatório. Geralmente, esse desenvolvimento se dá até os 16 ou 18 anos, mas cada caso deve analisado clinicamente, de preferência pelo cirurgião plástico e pelo ginecologista.

  • Cirurgia de nariz pode ser feita em qualquer idade

Depende. Em casos estéticos é preciso esperar o desenvolvimento completo da região facial. “Porém, se o adolescente apresentar alguma deformação no nariz que dificulte a respiração ou venha a sofrer um trauma severo, a intervenção cirúrgica pode ser necessária, independente da idade”, pondera Vieira.

  • Menores de 18 anos precisam de autorização dos pais para realizar cirurgia plástica.

Verdade. Como o adolescente é considerado dependente legal dos pais ou de outro adulto, a autorização do responsável é necessária para realizar qualquer procedimento.

  • Fazer cirurgia plástica na adolescência pode atrapalhar o desenvolvimento do corpo.

Depende. A cirurgia plástica dificilmente prejudica o processo natural de crescimento e desenvolvimento do adolescente. De acordo com Vieira, o resultado da cirurgia pode ficar comprometido, porém, pelas mudanças naturais pelas quais o corpo passa nessa fase da vida.

  • O fator emocional deve ser considerado na decisão de realizar uma cirurgia plástica.

Verdade. Especialmente na adolescência, é preciso grande cuidado ao trabalhar as motivações do jovem em relação à cirurgia. “É preciso que ele saiba o eu realmente é possível ao fazer o procedimento, entenda os resultados possíveis, sem gerar expectativas em excesso”, diz. Como essa é uma fase em que, geralmente, as pessoas apresentam uma série de inseguranças, e a busca pela cirurgia plástica pode estar motivada pela opinião de amigos, namorados etc. “O ideal é que haja muita conversa antes de se decidir realizar o procedimento, um diálogo sincero entre paciente, médico e pais”.

 

Fonte: Site Saúde Plena