Biomedicina, que já foi ‘patinho feio’ da saúde, está em alta por conter epidemias

“Estamos sempre enfrentando algum surto epidemiológico, o que favorece alguns setores da biomedicina”, afirma Silvio José Cecchi, presidente do Conselho Federal de Biomedicina.

Essa alta, porém, é pontual, de acordo com Otávio Granha, gerente da consultoria de recrutamento Wyser. Segundo ele, o aumento ocorre principalmente com vagas de curto prazo e para profissionais voltados para análise clínica e diagnósticos.

No caso de biomédicos que atuam na pesquisa de medicamentos, a dinâmica é outra. “O tempo de pesquisa e reação para essas doenças requer soluções de longo prazo, e as empresas não fazem contratações só por causa dos surtos”, afirma.

Ainda assim, ele considera o cenário favorável. “A biomedicina antes era o patinho feio da medicina e da farmácia, mas está vendo o estigma mudar”, afirma.

Segundo Cecchi, um dos campos mais valorizados dentro da área é o de inovação. A diretora da Pfizer, Márjori Dulcine, concorda e afirma que a procura pelo profissional está aumentando nas empresas.

“Tem a ver com a criação de produtos inovadores. No último ano, abrimos nove posições tanto na área médica quanto na comercial, com demanda de alta qualidade técnica. Quatro foram preenchidas por biomédicos”, afirma.

MENOS CONTATO

A biomédica Maytê Abrão Stocco, 25, optou pela profissão porque gostava de saúde, mas não queria ter contato com pacientes -um perfil comum, dizem os especialistas. “Além de realizar exames laboratoriais, a gente pode atuar em outras especialidades, como reprodução assistida, diagnóstico por imagem, acupuntura, pesquisa, estética”, diz ela, que trabalha no Hospital Pérola Byington.

Além dos hospitais, laboratórios também são um caminho comum para o recém-formado em biomedicina. “O escopo de atuação para biomédicos no grupo é amplo. Além das áreas técnicas, eles podem atuar em diferentes funções e setores, como comercial, marketing, pesquisa e desenvolvimento”, afirma Eduardo Marques, diretor de pessoal do Fleury.

Segundo Granha, da Wyser, faltam no mercado biomédicos que unam conhecimentos científicos aos gerenciais e de negócios. “São profissionais raros, e a remuneração reflete isso. Está muito acima da praticada em outras áreas, cerca de 30% mais alta do que a remuneração para cargos de gerência em geral”, diz.

Biomédico
Salário de R$ 2.300 a R$ 16 mil
O que faz análise de materiais biológicos para diagnósticos ou desenvolvimento de novos produtos. Atua em hospitais, laboratórios, farmacêuticas, indústria química e de alimentos
Habilidades raciocínio lógico, dinamismo, habilidade manual e bom desempenho em biologia, química e matemática
Formação ciências biomédicas (são 35 especializações diferentes na área)

http://classificados.folha.uol.com.br/empregos/2016/06/1780495-biomedicina-que-ja-foi-patinho-feio-da-saude-esta-em-alta-por-conter-epidemias.shtml

– Fonte: Folha de S.Paulo