Bactérias do intestino podem desencadear ansiedade e depressão

— Mostramos pela primeira vez esta relação que envolve não só a bactéria, mas também seu ambiente — explica Premysl Bercik, autor do estudo e professor associado de medicina da McMaster.

Neste estudo, os pesquisadores submeteram camundongos recém-nascidos ao estresse separando-os de suas mães durante três horas por dia, do terceiro ao 21º dia de nascimento. Primeiro, Bercik e equipe confirmaram que camundongos normais (os de controle, com complexa microbiota) apresentavam comportamentos parecidos com ansiedade e depressão quando separados das mães, além de apresentar níveis anormais do hormônio corticosterona. Estes ratos também tiveram disfunção intestinal a partir da liberação de um neurotransmissor importante, a acetilcolina.

Em seguida, eles repetiram o mesmo experimento em condições livres de germes e descobriram que, na ausência de bactérias, os ratos separados das mães apresentavam os mesmos níveis de corticosterona e a disfunção intestinal, mas sem sinais de ansiedade ou depressão.
Depois, os pesquisadores descobriram que quando os ratos livres de germes maternalmente separados eram colonizados com bactérias de ratinhos de controle, a composição bacteriana e a atividade metabólica pareciam alteradas por várias semanas, e os ratinhos começaram a apresentar ansiedade e depressão.

Bercik acredita que este é mais um passo na compreensão de como microbiota pode moldar o comportamento do hospedeiro e que isso pode estender as observações originais no campo de transtornos psiquiátricos.

— Seria importante determinar se isto também se aplica aos seres humanos: se podemos, por exemplo, detectar perfis de microbiota anormais ou atividade metabólica microbiana diferente em pacientes com transtornos psiquiátricos primários, como ansiedade e depressão.

Fonte: Portal O Globo