“Bebo desde os 13 anos, em geral na casa dos meus amigos. Minha mãe foi a primeira pessoa a me oferecer álcool. Ela preferiu que eu aprendesse a beber com ela do que fora de casa. Comecei com aquela bebida tipo ice, docinha, que parece refrigerante. Não achei ruim. Hoje gosto de bebida com fruta. Minha mãe sabe de tudo. Tenho um irmão de 14 anos que não bebe. Ele nem curte sair. Ele é um pouco infantil ainda” T.A., de 15 anos, estudante.
O depoimento acima faz parte de reportagem de VEJA que, ao longo de duas semanas, conversou com dezenas de jovens e acompanhou-os nas ruas, em bares e ambientes domésticos. A constatação: debaixo do guarda-chuva paterno, supostamente protegido e saudável, ou fora dele, os adolescentes estão bebendo muito precocemente e como adultos.
Levantamento realizado pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, com base em dados do IBGE, mostrou que 25,1% das garotas com idade entre 13 e 15 anos bebem ao menos uma dose por mês – há uma década eram 20%. Entre os garotos, o índice é de 22,3% – dez anos atrás, batia nos 28%. A título de comparação, entre os americanos com idade até 15 anos, o consumo não passa de 10% para ambos os sexos. A mudança ilumina um novo problema: elas bebem mais do que eles.