Vencemos o colesterol?

Cilene Pereira

A chegada de uma classe de remédios contra o LDL, o colesterol ruim, há dois anos, despertou entre os médicos a discussão se ela seria a opção que faltava para tirar as doenças cardiovasculares da lista das que mais matam no mundo. Alta concentração da gordura é um dos fatores de risco mais importantes para infarto e acidente vascular cerebral e até então o recurso mais eficaz contra o problema eram as estatinas. Recentemente, a divulgação dos resultados do maior estudo feito até agora sobre os medicamentos – inibidores de PCSK9 – indicou que eles são uma arma poderosa. Mas ainda há um caminho a ser percorrido e respostas a serem dadas antes de serem definidos como primeira opção de tratamento.

Indicação limitada

Há dois remédios na nova classe: o Repatha e o Praluent. O trabalho analisou o impacto do primeiro na redução de eventos cardiovasculares em pacientes de alto risco que não conseguiam baixar o LDL para as concentrações recomendadas.

Combinada às estatinas, a droga diminuiu em 27% a chance de infarto e em 21% a de avc. A taxa de LDL caiu em torno de 60%. “É um avanço. A diminuição do colesterol trouxe benefícios importantes”, diz o cardiologista José Francisco Saraiva, da Faculdade de Medicina da PUC/Campinas e coordenador do estudo no Brasil.

Para o cardiologista Marcus Malachias, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, há ponderações a serem feitas. A primeira é a indicação das drogas: não são para todos. “É para quem tem alto risco ou os que não toleram as estatinas”, diz. “Trata-se de um grupo pequeno.” O restante, afirma, obtém bons resultados com as estatinas. O médico ressalva ainda o custo do tratamento (cerca de R$ 2 mil por mês). “Os remédios podem ser considerados apenas para um nicho de doentes.”

– Fonte: Revista IstoÉ