Vai envelhecer sozinho? Comece a se preparar desde já

A pedido do Conselho Nacional para o Envelhecimento (National Council on Aging), o instituto Ipsos realizou, entre maio e junho, pesquisa com mais de 1.200 americanos acima de 60 anos. Lá, como aqui, os principais temores estão relacionados às questões financeiras e de saúde. Dos entrevistados, 64% se mostravam preocupados com a própria saúde e 56% temiam que seus recursos não cobririam os custos com médicos, remédios e tratamentos.

Além disso, 54% temiam perder sua independência e 48% receavam se tornar um fardo para a família. As mulheres eram as que mais se inquietavam, numa diferença de até dez pontos percentuais em relação aos homens. Por exemplo, o quesito segurança financeira era considerado muito relevante para 76% das mulheres, enquanto o percentual entre os homens ficava em 65%.

Mas além do dinheiro, há um outro fator cujo peso vem crescendo por conta da nova configuração das famílias. Muitas pessoas não se casam, a maioria tem um ou dois filhos e, com frequência, os rebentos vão morar em outra cidade ou país. A equação é simples: o contingente de indivíduos que envelhecerão sozinhos só tende a aumentar. O fenômeno é mundial: no Reino Unido, a expectativa é de que, em 2030, o número de idosos sem filhos terá dobrado.

Se estiver nesse grupo, mesmo que considere que os perrengues da velhice ainda estejam distantes, vale a pena começar a pensar no assunto. A primeira pergunta a ser feita é: onde você buscará apoio para enfrentar situações que demandem a ajuda de terceiros? O assunto pode ser espinhoso, mas é melhor olhar de frente para a questão e, se necessário, tomar as primeiras providências.

Você tem amigos ou parentes com os quais pode contar num momento difícil? Pessoas realmente próximas e com disponibilidade, que se ofereceriam como acompanhantes no hospital ou em casa? Se não se sente seguro em relação a essa possibilidade, considere a hipótese de identificar um bom cuidador, ou alguém com potencial para se tornar um. Também é fundamental ter profissionais nos quais confiemos, especialmente no que diz respeito à saúde e às finanças. Está na hora de procurar um médico que seja um interlocutor dotado de empatia. E redobre a atenção com seu dinheiro, para não ser vítima de um golpe.

Se você não desenvolveu nenhuma doença crônica, invista em atividade física para se manter assim. Mesmo num quadro crônico, se a enfermidade for bem administrada, as chances de uma complicação diminuem drasticamente. Por último, mas não menos importante: não se isole. Novos amigos podem ser a resposta para esses desafios.

Fonte: Mariza Tavares. Jornalista, mestre em comunicação pela UFRJ e professora da PUC-RIO, Mariza escreve sobre como buscar uma maturidade prazerosa e cheia de vitalidade.