Tire todas as suas dúvidas sobre câncer de próstata

O câncer de próstata é o mais comum entre homens depois do câncer de pele, e uma das principais razões para a alta incidência entre os brasileiros — o Instituto Nacional do Câncer (INCA) previa mais de 60 mil novos casos da doença em 2016 –, é o hábito muito comum entre homens de não cuidarem da própria saúde. Não é à toa que tanta gente tem dúvidas sobre câncer de próstata.

Fora isso, muitas vezes também prevalece o preconceito com o exame tradicional usado na identificação deste tipo de câncer: o famoso “exame do toque”. Por isso, da mesma forma o Outubro Rosa foi pensado para conscientizar mulheres da importância da prevenção contra o câncer de mama ao longo de todo um mês, autoridades de saúde pública criaram o Novembro Azul para fazer esse mesmo trabalho, só que com homens.

A intenção da campanha é desvendar os mitos que cercam o câncer de próstata com informações consistentes sobre a prevalência da doença entre homens, fatores de risco, exames de diagnóstico, formas de tratamento e os melhores hábitos de prevenção.

Para ajudar, separamos algumas dúvidas muito comuns sobre câncer de próstata.

 

Principais dúvidas sobre câncer de próstata

A partir de qual idade o homem deve começar a fazer os exames preventivos de câncer de próstata?

A recomendação médica geral é de que homens comecem a fazer acompanhamento médico preventivo a partir dos 50 anos de idade, uma vez que o câncer de próstata é muito mais frequente em homens acima desta faixa etária. Os exames de diagnóstico/acompanhamento devem ser realizados pelo menos uma vez a cada dois ou três anos, e com o passar do tempo o intervalo entre cada um deve diminuir. Uma vez por ano, porém, já é suficiente.

Para homens que têm histórico familiar de câncer de próstata, a recomendação é de que os exames sejam iniciados aos 45 anos, já que eles têm chances mais elevadas de desenvolverem a doença.

 

O exame de toque retal é muito incômodo?

O toque retal é o método preventivo mais importante e comprovadamente eficaz contra o câncer de próstata. Ele é feito pelo próprio urologista para verificar, por meio do toque na região anal do paciente, se existe qualquer alteração na próstata, como endurecimento, aumento (inchaço), o surgimento de nódulos ou qualquer outro sinal que possa estar relacionado ao tumor.

Como é de se prever, o exame de toque retal não é o exame mais confortável do mundo, mas é mais rápido do que se pensa. Ele é indolor e não é necessário que o paciente fique em posição considerada “vexatória” para realizá-lo, uma vez que ele pode ser feito em pé.

O exame de PSA não pode substituir o toque retal?

Não. O exame de PSA, que nada mais é do que um exame de sangue para verificar os níveis de PSA (Antígeno Prostático Específico) no corpo, é um exame complementar ao toque retal e só é solicitado pelo urologista quando o tradicional não é capaz de fechar um diagnóstico.

Para se entender melhor, PSA é uma substância produzida pelas células da próstata que corre pela corrente sanguínea. Quando existe alguma alteração no órgão, como inchaço, a próstata produz quantidades maiores de PSA.

 

Por que existe tanta resistência com o exame de toque retal?

Segundo um estudo da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 47% dos homens acima dos 40 anos nunca realizaram o exame de toque retal na vida. Para a entidade, a principal razão para isso é o preconceito, pois o procedimento é simples, indolor e não provoca nenhum tipo de efeito colateral. Uma dica para tornar o exame o menos desconfortável possível é relaxar e confiar no médico.

 

Se houver outros casos na família, corro maior risco?

Sim. Segundo explica Silvio Pires, filhos de homens que tiveram câncer de próstata têm até 30% mais chances de desenvolver a doença do que quem não tem histórico da doença na família. Por isso, nesses casos é recomendado começar a realizar o exame de toque a partir dos 45 anos — a recomendação, de modo geral, é que o acompanhamento médico comece nos 50.

 

O câncer de próstata se dissemina para outros órgãos?

Sim. Este é um perigo real e também um dos grandes motivos para se fazer os exames com regularidade, uma vez que o câncer de próstata não manifesta sintomas em seu início. Com frequência, a disseminação pode comprometer as vesículas seminais, a bexiga, o reto, a uretra, ossos da bacia e até mesmo a coluna.

 

Quais as chances de cura?

Se o câncer for diagnosticado e ainda estiver restrito à próstata, a chance de cura é bastante alta. Caso o tumor se espalhe por outros órgãos, ou caso haja suspeita de metástase, a situação fica um pouco mais complicada. Porém, quando se fala de cura, é preciso ter em mente também que existem diversas variáveis, como condições físicas do paciente, o tipo do câncer etc. No fim das contas, o mais relevante é saber que, se o tumor for descoberto cedo, as chances de cura podem chegar a 90% — semelhante ao que acontece com o câncer de mama.

 

Quais as complicações mais comuns da cirurgia de retirada da próstata?

Existem alguns riscos que são comuns a todas as cirurgias, como infecções, sangramentos ou outras coisas do tipo. Especificamente sobre a prostatectomia radical – nome dado à cirurgia que retira a próstata e estruturas adjacentes a ela –, existe um risco de 3 a 4% de incontinência urinária e de 20 a 30% de disfunção sexual erétil. Ambos os problemas, uma vez diagnosticados, também podem ser tratados com a ajuda de um profissional.

Então, como posso me prevenir do câncer de próstata?

A medicina ainda descobriu nenhuma forma de prevenção 100% eficaz contra o câncer de próstata, mas alguns bons hábitos podem ajudar a diminuir as chances. Comer bastante tomate, brócolis, linhaça, soja, azeite, mamão e melancia, por exemplo, são uma boa pedida. Enquanto alguns desses alimentos ajudam a controlar os níveis de testosterona, outros combatem danos celulares e reduzem a probabilidade do surgimento de tumores na próstata depois dos 50 anos.

 

Hoje, porém, a melhor forma de prevenir contra o câncer é por meio do acompanhamento médico frequente após a idade mínima recomendada. Isso não vai impedir que o tumor apareça, mas aumenta significativamente as chances de cura.

 

Fonte: Ativo Saúde