TESTOSTERONA EM QUEDA

Disfunção sexual, perda da libido e da massa muscular assombram homens. O motivo por trás desses sintomas pode ser a deficiência androgênica de envelhecimento masculino (Daem), caracterizada pela redução na produção da testosterona a partir dos 40 anos. Segundo especialistas, erroneamente, o problema é chamado de andropausa. Antonio Peixoto de Lucena Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Regional Minas (SBU-MG), ensina que o termo faz referência à menopausa, mas os processos são distintos e não se equivalem.

Diferentemente da mulher, o homem mantém a fertilidade por toda a vida. Todas elas passarão pela menopausa, mas apenas 4% deles enfrentarão a Daem. Na puberdade, são desenvolvidas as características femininas e todas as condições para a produção de óvulos ao longo da vida; mas, por volta dos 50 anos, há uma interrupção total na geração de hormônios. No caso dos homens, ao passar pela puberdade, eles podem eventualmente ter uma redução hormonal, mas continuam produzindo as células sexuais até morrerem.

“Falar em andropausa está incorreto porque, diferentemente da mulher, a função testicular não cessa. Os testículos têm função de produção de espermatozoides e hormonal. O que ocorre é a diminuição da produção hormonal, mas continua a geração dos gametas. No caso do homem, portanto, não existe um momento específico comparável à menopausa”, diferencia o médico Francisco de Assis Teixeira Guerra.

Devido à queda hormonal, os homens poderão sofrer também com perda de pelo, aumento da circunferência abdominal, alterações do humor, maior irritabilidade e deficit de atenção. Coordenador do Departamento de Andrologia da SBU, Eduardo Bertero diz que, muitas vezes, a Daem não é diagnosticada porque os sintomas se confundem com os de outras doenças. Podem, por exemplo, ser resultados de uma crise de estresse e até mesmo de uma depressão. “É preciso que o homem fique atento, pois, na verdade, o problema pode estar na redução da produção de hormônios”, alerta.

Regente hormonal 
O diagnóstico da deficiência androgênica começa na consulta clínica, mas é preciso fazer um exame laboratorial para confirmar a redução hormonal. O médico Francisco de Assis ressalta que a testosterona é o principal e mais importante dos hormônios sexuais masculinos. É produzida nos testículos (95%) e glândulas adrenais (5%). A produção varia no decorrer do dia e pode ser até 30% maior nas primeiras horas da manhã e menor entre as 18h e as 20h.

Responsável pelas características sexuais masculinas, fertilidade e desempenho sexual, o hormônio também atua no metabolismo, sendo fundamental para a formação da massa muscular. Como age nas emoções, o excesso de testosterona está associado à maior agressividade. “Ela funciona como um maestro. Rege uma orquestra que, sob a sua batuta, harmoniza as funções cardiovascular, cerebral, muscular, sexual, óssea, entre outras”, compara o urologista Antônio de Moraes Jr.

A partir dos 40 anos, indica-se aos homens que procurem o urologista para a realização de um checape. A consulta poderá ajudar tanto a identificar a deficiência hormonal quanto apontar outros problemas que se tornam mais comuns nessa faixa etária, como o câncer de próstata.

“Falar em andropausa está incorreto porque, diferentemente da mulher, a função testicular não cessa. Os testículos têm função de produção de espermatozoides e hormonal. O que ocorre é a diminuição da produção hormonal, mas continua a geração dos gametas”
Francisco de Assis Teixeira Guerra, médico

O que é

Saiba mais sobre a deficiência androgênica do envelhecimento masculino (Daem)

SINTOMAS

» Diminuição da libido
» Disfunção erétil
» Desânimo
» Irritabilidade
» Diminuição do tecido muscular e fraqueza muscular
» Queda de pelos
» Transtornos do sono
» Aumento do tecido adiposo total e redistribuição da gordura
» Diminuição da densidade mineral óssea (osteoporose e osteopenia)
» Diminuição do volume testicular

DIAGNÓSTICO

» Por meio do quadro clínico e da dosagem da testosterona (nível sérico matinal do hormônio abaixo dos valores de referência)

TRATAMENTO

» Recomenda-se a reposição de testosterona. O resultado é a recuperação da massa óssea, da força muscular e da composição corporal; além da melhora da libido e da função sexual

São várias as opções:

» Via transdérmica de reposição com testosterona: adesivos, géis ou solução

» Via injetável: curta duração, aplicadas a cada 14 a 21 dias; ou de longa duração, aplicadas a cada seis semanas no início do tratamento e, posteriormente, a cada 12 semanas

EFEITOS COLATERAIS

Deve-se sempre ter acompanhamento médico para avaliação clínica e laboratorial por causa de possíveis efeitos adversos, como:

» Hepatotoxicidade (alteração de funcionamento do fígado)
» Policitemia (aumento importante dos glóbulos vermelhos, que pode predispor a tromboembolismos)
» Distúrbios do sono (piora da apneia do sono)
» Diminuição do volume testicular
» Potencial infertilidade em jovens
» Aumento das mamas (ginecomastia)
» Exacerbação de doença prostática não diagnosticada

» Fonte: Francisco de Assis Teixeira Guerra, vice-presidente da SBU-MG

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