Testes com nova droga eliminam placas no cérebro que causam Alzheimer

Testes preliminares mostraram que uma nova droga leva à remoção de placas de proteína que, acumuladas no cérebro, são responsáveis pelo mal de Alzheimer. Os resultados da pesquisa, considerados impressionantes pelos cientistas responsáveis, dão esperanças não só de um tão buscado tratamento, mas também de prevenção e cura definitivas para uma doença conhecida por provocar demência. Hoje, estima-se que cerca de 47 milhões de pessoas, a maioria idosas, sofrem da doença no mundo.

Batizado Aducanumab, o medicamento é um anticorpo monoclonal humano — isto é, produzido por uma determinada linhagem de um tipo específico de célula do nosso sistema imunológico que são clonadas (daí o nome) — que se liga de forma seletiva às concentrações da proteína beta-amiloide no cérebro, sinalizando-as para que sejam retiradas pelas microglias, as principais células de defesa do órgão.

Segundo os pesquisadores, tanto os experimentos pré-clínicos (na bancada do laboratório e com animais) quanto um primeiro ensaio clínico “duplo cego” — em que nem os pacientes nem os experimentadores sabem quem está tomando o medicamento e quem está recebendo apenas um placebo — realizado em 165 pessoas diagnosticadas nos estágios iniciais do Alzheimer tiveram resultados promissores. No segundo caso, após um ano recebendo injeções mensais do anticorpo, as placas de beta-amiloide chegaram a sumir do cérebro dos pacientes tratados com a maior dosagem da droga no teste.

— Os resultados do estudo clínico nos deixaram otimistas de que potencialmente daremos um grande passo à frente no tratamento do Alzheimer — diz Roger Nitsch, professor do Instituto para Medicina Regenerativa da Universidade de Zurique, na Suíça, que supervisionou o trabalho e é um dos coautores de artigo que relata os resultados, publicado na edição desta semana na revista científica “Nature”. — O efeito do anticorpo é muito impressionante e seu resultado depende da dosagem e da duração do tratamento. No grupo de alta dosagem, a amiloide desapareceu quase que por completo.

Ainda de acordo com os pesquisadores, os bons resultados na remoção das placas de beta-amiloide os animaram a investigar como o tratamento afetou os sintomas do Alzheimer, como a perda cognitiva e de memória, embora não fosse este o objetivo do ensaio clínico, classificado como de fase 1b. Nesta etapa, os cientistas, além de buscar determinar a segurança de diferentes dosagens de um potencial novo medicamento e identificar seus eventuais efeitos colaterais em um pequeno grupo de pacientes da doença alvo, observam se ele agiu como o esperado contra ela, numa espécie de “prova de conceito” que a diferencia da fase 1 “pura”. Assim, com base em questionários padrão, eles verificaram que as capacidades cognitivas dos pacientes que receberam o anticorpo permaneceram mais estáveis do que a do grupo que tomou só o placebo, que exibiu um declínio cognitivo significativo.

– Fonte: Portal O Globo