Sociedade privada de sono vive ‘sob tortura’, diz especialista

O acadêmico Paul Kelley, da Universidade de Oxford, disse que os trabalhadores estão sendo torturados por uma “sociedade privada de sono” porque o ritmo circadiano de um adulto está fora de sintonia com o horário de trabalho de 9h às 17h, até os 55 anos. O ritmo circadiano determina padrões de sono e vigília ao longo de períodos de 24 horas e é conduzido pela exposição à luz. Este sistema regula uma série de genes e mecanismos biológicos.

— Como não se pode mudar os padrões de acordo com idades dos trabalhadores, os adultos estão ficando esgotados e doentes — disse Kelley, durante o Festival Britânico de Ciência, em Bradford.

Kelley afirmou ainda que este horário de trabalho afeta a atenção e a memória e que pode levar ao consumo excessivo de álcool e drogas. Ele acrescentou que se trata de um problema mundial e que estes padrões também aumentam as chances de desenvolver a diabetes e a esquizofrenia.
— Não é uma coincidência que 70% das doenças mentais comecem entre 11 e 24 anos — alerta ele.

O especialista pediu mudanças dramáticas e afirmou que, para evitar problemas de saúde, recomenda que o trabalho comece a partir das 10h no caso dos adultos.

— A privação do sono é uma tortura. Trinta dias sem dormir e você morre. Tem o mesmo efeito de não comer — comparou o especialista que, recentemente, lançou um estudo com 100 escolas do Reino Unido, que deverá ser o maior sobre os efeitos de diferentes horários das aulas.

Sua equipe pede que as escolas se inscrevam para o estudo que tem como objetivo checar o desempenho das crianças que estudarão a partir das 9 horas (10 anos) e 10 horas (15 anos).

— A ciência diz que eles terão um desempenho escolar melhor. Vão dormir mais, terão menos estresse e ansiedade, e uma menor chance de aceitação de drogas legais e ilegais. As oportunidades são fantásticas. Temos de fazer algo para beneficiar milhões, bilhões de pessoas na Terra.

Fonte: Portal O Globo