Sabonete de higiene feminina aumenta exposição a substâncias prejudiciais

— Essas substâncias podem alterar a ação hormonal e estão associados com sérios problemas de saúde — afirmou a coordenadora do estudo, Ami Zota, professora assistente de saúde ocupacional e meio ambiente na Universidade de Washington. — Esta descoberta levanta questões sobre a segurança e os benefícios à saúde destes produtos e outros usados no entorno da área vaginal.

Ftalatos são encontrados em muitos itens de cuidados pessoais em drogarias, e estão associados com muitos problemas de saúde, explica Zota, como no fígado, rins e pulmão, além de anormalidades no sistema reprodutivo.

O estudo analisou 739 mulheres com idades entre 20 e 49 anos que participaram de uma pesquisa nacional e responderam perguntas sobre o uso de produtos de higiene feminina. Os pesquisadores sabiam que o ftalatos podiam ser absorvidos através da pele da vagina e, em seguida, eliminados do organismo. Os pesquisadores olharam então a concentração dessa substância em amostras de urina das participantes.

Zota e seus colegas descobriram que o hábito estava associado a maiores níveis de ftalatos na urina. Na verdade, mulheres que reportavam terem usado o produto no mês anterior tinham 52% a mais de concentração da substância.

Mulheres negras tiveram maior risco de exposição, porque elas usavam o produto com mais frequência. Quase 40% das negras responderam terem usado o sabonete no mês anterior, comparado a 14% de brancas.

O estudo não consegue relacionar diretamente os ftalatos dos produtos femininos a problemas de saúde. Novas pesquisas serão necessárias para estabelecer esta conexão, segundo Zota.

Algumas associações e especialistas de saúde recomendam que se evite o uso de sabonete íntimo, porque a prática foi associada com maior risco de infecção vaginal, doenças inflamatória pélvica, problemas durante a gravidez. Ele ainda esconde possíveis infecções, que podem se transformar em problemas mais sérios.

— Este estudo oferece outra peça às evidências científicas que mostram por que precisamos saber mais sobre estas substâncias e seus riscos à saúde antes que elas entrem em nosso organismo — afirmou a coautora do estudo, Tracey Woodruff, professora de obstetrícia, ginecologia e ciência reprodutiva na Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF). — É fundamental que tenhamos políticas públicas para garantir que estes produtos sejam seguros.

O estudo analisou a associação entre ftalatos e seus diferentes tipos de produtos femininos, incluindo absorventes, lenços, spray, mas apenas encontrou essa relação com os sabonetes femininos.

Fonte: Portal O Globo