Pílula do dia seguinte: o que você precisa saber

O uso do medicamento conhecido como “pílula do dia seguinte” ainda gera diversas dúvidas, seja em relação à sua administração, seja em relação aos possíveis riscos que carrega. Confira a seguir as respostas do ginecologista Renato Kalil, diretor clínico da Clínica Ginecológica e Obstétrica Kalil, para as principais questões que envolvem o assunto.

A pílula do dia seguinte é segura?

Se for usada nas primeiras 24 horas após romper a camisinha/ejaculação indesejada, há uma segurança de 90%. Entre 48 e 72 horas, os riscos vão aumentando, chegando a um percentual de 30%. Ou seja, a eficácia da pílula pode cair para 70%.

Qual o tempo máximo para toma-la?

72 horas, lembrando que após 24 horas o risco começa a aumentar gradativamente.

Quais são seus riscos?

Há riscos de efeitos colaterais (trombose, por exemplo), mas existem também os riscos de gravidez. Se a mulher é uma trombofílica (propensão a desenvolver trombose), o uso da pílula pode acarretar em piora do quadro ou até numa trombose de membros inferiores, em um acidente vascular cerebral.

Algo muito frequente é a sensibilidade mamária (as mamas ficam mais sensíveis). Isso porque a pílula contém progesterona em dose mais alta, em dose única. A pílula também pode levar a diarreia e ao vômito, e, sem tanta frequência, pode gerar icterícia, elevação na pressão arterial, aumento de peso (muito discreto), alteração no colesterol (se for só um uso, é mínimo), alteração na glicose e gravidez tubária (gestação ectópica).

Ela favorece a gravidez ectópica?

Pode favorecer. Imagine que a mulher teve uma relação sexual, e o esperma passou, foi para a trompa. Passou pelo endométrio e encontrou o óvulo no meio da trompa, na região ampolar. Engravidando nesse local, a gravidez não tem como ir para o útero se não for pelos batimentos ciliares da trompa. Existe uma musculatura espiralada na trompa, que faz uma “espécie” de movimento peristáltico, tentando com esses cílios e esses movimentos “jogar a gravidez” para dentro do útero. O que essa progesterona em alta dose pode fazer – e acontece bastante – é diminuir o trabalho tubário, o batimento ciliar, fazendo com que a gravidez se desenvolva na trompa. Isso gera a gravidez tubária e não é tão raro.

Quantas vezes pode ser tomada no ano? Com que frequência?

Essa pílula pode ser usada todos os meses, mas é preciso lembrar dos efeitos colaterais. Hormônio ingerido pela boca tem mais efeitos colaterais porque passa duas vezes pelo fígado. Então, além dos fenômenos tromboembólicos já citados, a mulher ingere hormônio em alta dose. Se for uma vez por mês, sem problema nenhum. O que não se aconselha é repetir o uso no mesmo mês, pois pode acarretar maior gravidade nos efeitos colaterais desse método de urgência.

E se, mesmo assim, engravidar? Há riscos para o bebê?

Não há risco ao bebê. A pílula causa uma irregularidade no endométrio, deixando-o inapropriado para a nidação (momento em que o óvulo é fecundado no útero). Se a mulher engravidar, o efeito da progesterona não ocorreu, mas não há risco nenhum para o bebê.

Fonte: Site Coração e Vida