Fim de jejum para exames pode estar próximo

A ideia não é nova e a principal implicação, claro, além da comodidade para o paciente, é a otimização do fluxo em laboratórios de análises clínicas.

O fluxo de pacientes poderia ser melhor distribuído ao longo do dia e não só no período da manhã, quando pessoas de todas as faixas etárias se amontoam em busca da realização dos exames.

O problema, pelo menos até agora, era a falta de conversa entre as sociedades médicas, o que dificulta uma mudança uniforme entre os laboratórios sem causar confusão na cabeça dos clínicos que solicitaram os exames.

Isso porque os parâmetros são realmente sensíveis ao estado alimentar do organismo. Obrigar o jejum seria uma maneira de uniformizar as pessoas para que as medidas caiam em uma faixa “normalizada”.

Desse modo, a faixa de normalidade é mais estreita e a comparação entre indivíduos é facilitada.

Segundo Carlos Eduardo Ferreira, da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, porém, o jejum poderia mascarar o risco cardiovascular do paciente a ser revelado pelos exames.

“Se houver alteração dos níveis de colesterol mesmo após as refeições, já pode ser um indicativo de que algo está errado”, diz.

O médico afirma que as diretrizes já foram alteradas em vários países da Europa e devem ser implantadas de maneira mais uniforme no Brasil em breve.

Ainda é necessário o jejum para avaliar casos elevados de triglicérides, que em concentração elevada pode atrapalhar a leitura de outros testes.

A glicemia de jejum também é importante para o diagnóstico de diabetes, “embora outro exame, a hemoglobina glicada, que não precisa de jejum, também possa ajudar no diagnóstico da doença”, afirma Ferreira.

– Fonte: Folha de S.Paulo