ESTUDO ANALISA O IMPACTO DA DISFUNÇÃO ERÉTIL NA POPULAÇÃO

O desconhecimento sobre o próprio corpo e as formas de prevenção e tratamento são um comportamento típico do brasileiro. É o que acontece especialmente com os homens em relação à disfunção erétil (DE).

Segundo pesquisa “De Volta ao Controle”, 72% dos entrevistados não conhecem os diferentes níveis de gravidade da DE, que podem ser leve, moderado ou completo. O trabalho avaliou a percepção masculina e feminina sobre a doença que afeta 25 milhões de brasileiros (desses, 11,3% convivem com as formas moderada e grave).

Maturidade

O desconhecimento mais prevalente está entre a população de 40 a 49 anos (78%). Os que detêm mais informação encontram-se na faixa etária de 60 a 69 anos (41%). O conhecimento maior sobre a doença nessa faixa etária deve-se, principalmente, ao fato de que a disfunção erétil está relacionada, entre outros fatores, ao avanço da idade.

“Portanto, é natural que entre o público mais velho haja maior familiaridade com o assunto, pois muitos homens já enfrentaram ou enfrentam o problema com maior frequência do que os jovens”, analisa o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Dr. Carlos Eduardo Corradi Fonseca.

Opções conhecidas

Um terço dos entrevistados (34%) diz não conhecer nenhum tipo de tratamento contra a disfunção erétil. Entre as opções terapêuticas disponíveis para a DE, as mais conhecidas são os medicamentos orais (61%), seguidos pelo implante de prótese maleável (38%), implante de prótese inflável (21%) e injeção (21%).

O maior nível de desconhecimento está na região Sul, onde 42% dizem desconhecer qualquer uma das formas de tratamento.

FIQUE POR DENTRO

Avanço da idade piora sexo e desempenho

A pesquisa da SBU mostra o que já é constatado em estudos: o avanço da idade piora progressivamente a performance sexual. Vinte e oito por cento dos homens entre 60 e 69 anos dizem falhar mais de uma vez ao mês na cama, enquanto entre os mais jovens, nas faixas de 50 a 59 anos e 40 a 49, os percentuais caem para 19% e 9%, respectivamente.

Na ótica dos parceiros, mais de uma falha mensal é a realidade de 12% dos homens entre 40 e 49 anos, 22% entre os que têm 50 e 59 anos e 28% no grupo dos que estão acima dos 60. Os homens acima de 60 anos são os que mais admitem ter falhas com a ereção; 48% afirmam já ter enfrentado a situação alguma vez na vida e 23% dizem ter a doença.

Um terço dos homens (37%) procuraria um médico após a primeira ou segunda falha. Outros 35% esperariam entre três e cinco falhas para buscar orientação médica. Somente 2% esperariam um ano e 4% não procurariam um médico. As parceiras/os tendem a esperar um pouco mais; 26% acham que os homens deveriam procurar um médico após uma ou duas falhas; 43% após três ou cinco; 2% mais de um ano e 2% não buscariam ajuda de um especialista.No entanto, quando perguntados se não pudessem ser tratados com medicamentos, 42% dos homens dizem fazer um implante capaz de restabelecer a função do pênis, enquanto 45% das parceiras(os) têm dúvidas a respeito. 57% dos homens dizem que não sabem, provavelmente ou certamente não fariam o implante; entre as parceiras/os é 11% maior.

 

Na avaliação de Corradi, é preciso falar sobre a doença e, principalmente, sobre como tratá-la. “É possível recuperar a função sexual”. Ele enfatiza que o tratamento vai muito além das medicações orais e injetáveis, mais comumente conhecidas.

“Ainda há esperança quando essas terapias falham ou não funcionam e como recurso para os casos mais graves, há as cirurgias de implantes penianos, tanto infláveis quanto semirrígidos, que recuperam de forma plena a atividade sexual”.

Tabu

Corradi destaca que o tema impotência ainda é cercado por tabus e isso se reflete no amplo desconhecimento da população sobre a doença: “A taxa de prevalência da DE cresce anualmente em todo o mundo e possui estreita relação com problemas de saúde epidêmicos como o diabetes e doenças cardiovasculares”.

Além da alta prevalência, o distúrbio sexual tem um significativo impacto sobre a qualidade de vida, afetando o homem em suas relações mais íntimas. Isso ocorre pelo distanciamento social que a doença acarreta e pela dificuldade de falar sobre o problema.

“Angústia, vergonha, tristeza, raiva e ressentimento também são emoções comuns nessas situações”, explica.

Falha comum

Outro dado que merece registro é o de que mais de 52% dos homens assumem que já tiveram ou têm alguma falha de ereção. Entre os parceiros, os resultados são similares; 56% dos entrevistados dizem que vivenciaram a experiência de o parceiro falhar.

Os mais satisfeitos

A população que diz estar satisfeita é a dos homossexuais – 62% afirmam que seu parceiro nunca teve falha de ereção durante o ato sexual, contra 45% entre o público feminino.

Embora a disfunção erétil possa afetar drasticamente a autoestima masculina, 72% dos homens não deixariam de ter relações sexuais por medo de falhar, segundo a pesquisa.

“Dezessete por cento dos homens cogitariam a possibilidade de desistir de uma transa, enquanto 29% dos parceiros compartilham da mesma opinião. Esses dados demonstram que os parceiros têm mais dúvidas em relação à segurança emocional dos homens”, avalia o médico.

Hora de decidir

Perguntados se desistiriam do relacionamento caso tivessem DE, 78% dos homens dizem que não, seguidos por 77% dos parceiros. Apenas 2% de ambos os lados assumiram que tomariam essa decisão.

Os companheiros mais persistentes estão na faixa dos 60 a 69 anos. Para 84% deles, a disfunção erétil não é motivo para separação.

Parceiros

Embora o problema possa afetar as relações afetivas, 65% dos parceiros afirmam que compreendem o problema e não ficam chateados. Essa mesma opinião é compartilhada por 62% dos homens.

Somente 4% deles acreditam que seus parceiros ficariam irritados e 9% acham que seriam indiferentes, caso tivessem algum problema de ereção. Por outro lado, 28% dos parceiros revelam que compreenderiam a situação, mas ficariam chateados.

Estresse

Para 71% dos entrevistados pela pesquisa da SBU, a principal causa da disfunção erétil é o estresse, seguido por problemas de saúde como diabetes e hipertensão arterial (54%), consumo de álcool (52%) e drogas ou uso de anabolizantes (45%).

Entre as doenças associadas, para 62% dos entrevistados a depressão aparece em primeiro lugar, seguida do câncer de próstata (48%), diabetes (46%), sobrepeso ou obesidade (42%), problemas vasculares (39%) e doenças cardiovasculares (30%). Trinta e três por cento não sabem responder ou indicam outras enfermidades.

Multifatorial

Na maioria das vezes, a DE é uma doença multifatorial, que requer investigação detalhada para se chegar a um diagnóstico preciso e indicação de tratamento adequado.

“O estresse, assim como outros fatores de risco, a exemplo de doenças associadas ou tabagismo, podem comprometer a função erétil. Daí a importância que seja avaliado um amplo aspecto da saúde do homem, uma vez que as causas podem ser orgânicas ou de ordem psicológica”, recomenda o chefe do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia, Dr. Antonio de Moraes Jr.

Fonte: DIARIO DO NORDESTE