CIENTISTAS PROPÕEM MELHOR TRATAMENTO PARA FADIGA CRÔNICA

Doença se caracteriza por uma sensação de cansaço profundo e persistente, que é acompanhada por perda de memória e outros sintomas

A síndrome da fadiga crônica é uma enfermidade real e grave que requer um novo nome para expressá-la, assim como uma forma direta de diagnosticá-la, segundo avaliação de um grupo de cientistas dos Estados Unidos.

Por anos, vários pacientes têm chegado ao Instituto de Medicina de Washington com histórias de diagnósticos errados ou de médicos céticos que se negavam a escutá-los. Diante disso, um painel do instituto tratou de redefinir o polêmico transtorno ao descrever cinco sintomas que os médicos devem ter em mente ao fazer um diagnóstico.

Tendo em vista que muitos pacientes consideram que o termo “fadiga crônica” minimiza seus sofrimentos, o painel propôs chamar da doença de “doença sistêmica de intolerância ao esforço”, para deixar claro que o esforço físico agrava os sintomas.

“As pessoas não deveriam andar vagando pelo deserto durante anos em busca de um diagnóstico”, diz a médica Ellen Wright Clayton, especialista em genética e chefe do painel de médicos. “Este é um chamado claro para que os médicos façam melhor o seu trabalho. O médico não pode simplesmente falar para o paciente ‘eu também tenho fadiga crônica’ e ignorar os sintomas”, sentencia.

Alguns grupos já haviam batizado o transtorno com um nome mais complicado: encefalomielite miálgica. Porém, qualquer que seja o nome, o mal se caracteriza por uma fadiga profunda e persistente – que em casos mais graves é capaz de deixar na cama um paciente depois de uma atividade tão simples como a de ir ao mercado da esquina – que é acompanhada por perda de memória e outros sintomas. Não existe um exame médico que diagnostique a doença nem um tratamento específico, de modo que o único recurso é descartar as outras causas dos sintomas.

Em 2013, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA pediu que o instituto estudasse o estado do diagnóstico da fadiga crônica. O comitê incluiu dois médicos especializados no tema e dois pacientes e recebeu centenas de comentários do público.

Em seu último informe, divulgado em meados de fevereiro, o grupo de estudos pediu que o Departamento de Saúde estabelecesse um protocolo para diagnosticar o transtorno por meio dos critérios propostos, além de recomendar a mudança de nome da enfermidade.

Segundo o comitê, o diagnóstico requer três sintomas fundamentais: fatiga e redução dos níveis de atividade anteriores à doença que durem mais de seis meses, agravamento causado por esforço físico e uma noite de sono que não garante um descanso.

A estes sintomas deve-se somar ao menos outros dois: o prejuízo cognitivo, que é frequentemente chamado de “névoa do cérebro”, e a intolerância ortostática, que é quando o paciente não consegue ficar de pé por muito tempo.

Se o médico faz um bom diagnóstico, há maneiras de tratar alguns sintomas, diz a doutora Lucinda Bateman, membro do comitê. “Esperamos que estes critérios de diagnósticos forneçam um caminho claro”, reitera. “É um bom começo.”

Os membros do comitê escreveram sobre os critérios de diagnóstico em várias publicações especializadas e o próximo passo é lançar nos próximos meses um guia para médicos que será publicado no site do instituto.

“As recomendações são um passo muito importante para ajudar os provedores de serviços médicos a efetuar um diagnóstico sério para ajudar os que padecem deste enfermidade grave e incapacitante”, afirma a médica Nancy C. Lee, do Departamento de Saúde da mulher do instituto.

 

Fonte: FOLHA DE LONDRINA