Brasil caminha para cortar em mais de 50% taxa de fumantes, diz OMS

Jamil Chade, O Estado de São Paulo

 

GENEBRA – O Brasil caminha para conseguir reduzir em mais de 50% a taxa da população que fuma até 2025, numa das reduções mais importantes do mundo. Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o País retirará do mercado do cigarro 8 milhões de brasileiros em 25 anos.

A OMS comemora nesta quinta-feira o dia internacional contra o tabaco e revela que 27% da população do planeta fumava em 2000. Em 2016, essa taxa caiu para 20%. Entre os homens, a taxa de uso de tabaco caiu de 43% para 2000 para 34% em 2016. Entre as mulheres, ela foi reduzida de 11% em 2000 para 6% em 2016.

 

 

No caso do Brasil, a queda é ainda mais forte. No ano 2000, 24,7% da população brasileira fumava. Cinco anos depois, a taxa já caiu para 20,6%. Em 2010, ela era de 17,2% e, em 2016, chegou a 14%.

Hoje, 10% das mulheres fumam, contra 18% no caso dos homens.  Isso representa, segundo a OMS, um total de 22 milhões de fumantes, dos quais 17,9 milhões deles consomem tabaco diariamente.

Mas as projeções da OMS apontam que esse número brasileiro continuará caindo. Em 2020, apenas 12,2% dos brasileiros estarão fumando. Em 2025, serão apenas 10,3% dos brasileiros usuário de tabaco. Em 25 anos, o Brasil passaria de ter 28,5 milhões de fumantes para 20,4 milhões, mesmo em um período em que a população nacional crescerá.

Se o Brasil é destacado como um exemplo, a agência mundial da Saúde deixa clara que está preocupada com o ritmo da queda do consumo de tabaco no mercado global.  Segundo seu levantamento, a atual redução ainda é insuficiente para que a comunidade internacional atinja as metas de redução de doenças não transmissíveis, doenças cardiovasculares e mortes. Para a OMS, existe uma relação direta entre essas doenças e o consumo de tabaco.

A meta é a de cortar o uso de tabaco em 30% entre 2010 e 2025. Mas, no atual ritmo, o mundo atingiria uma redução de apenas 22%.

A avaliação da entidade é que 7 milhões de pessoas morrem ao ano por conta do uso do cigarro ou por sua exposição à fumaça. “Muitos sabem que o tabaco causa câncer e doenças nos pulmões. Mas muitos não sabem do risco de doenças cardíacas”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

Uma pesquisa realizada pela entidade mostrou as falhas na informação ainda aos fumantes sobre o impacto do cigarro. Na China, por exemplo, 60% da população desconhecia a relação entre ataque cardíaco e o cigarro. Na Índia e Indonésia, essa taxa era de 50%. “Governos tem o poder de proteger seus cidadãos de doenças desnecessárias”, disse Douglas Bettcher, diretor da OMS para a prevenção de doenças não transmissíveis.

Para Svetlana Axelrod, também da OMS, governos precisam adotar políticas que conduzem sua população a parar de fumar. Entre as medidas estão os impostos, banir publicidade e controlar embalagens.

Os dados da OMS, ainda assim, estimam que 1,1 bilhão de pessoas no mundo fumam atualmente. Desde o início do século, o número total esteve praticamente inalterado, ainda que a população global tenha aumentado. Entre os menores, a OMS estima que 24 milhões de crianças entre 13 e 15 anos sejam usuárias de tabaco, cerca de 7% dessa população.

Fonte: O Estado de São Paulo. 31.05.218